Solidariedade com o povo do Sudão desde Liubliana

Enquanto filiados à IFA, reproduzimos o comunicado abaixo e estendemos a nossa solidariedade ao povo sudanês.

Recebemos com tristeza a notícia da queda de Al-Fachar. Após os massacres e os deslocamentos, o horror não cessa no Sudão. A guerra entre diferentes forças armadas autoritárias pelo controle do território é um dos maiores conflitos militares ainda em curso no mundo. Este massacre causou mais de 150.000 vítimas, o deslocamento de mais de 10 milhões de pessoas e uma fome generalizada, violações, doenças… Para sobreviver, a população sudanesa tentou se organizar e criou comitês revolucionários.

Essas iniciativas foram reprimidas pelos militares com detenções, torturas e assassinatos de nossos companheiros. Compartilhamos com vocês o apelo de Ali Abdel Moneim, do grupo anarquista do Sudão: «Nós, os membros do Grupo Anarquista do Sudão, perdemos companheiros; alguns de nossos membros ficaram feridos e outros morreram; outros enfrentam o perigo iminente da guerra. Nossas famílias sofrem com fome, falta de remédios e falta de alimentos. Acreditamos no anarquismo em uma terra onde a autoridade domina tudo, e lutamos para defender a nós mesmos, nossa ideia e nossa unidade. Hoje precisamos de vocês: estendam a mão e nos apoiem para que possamos resistir às autoridades e aos janjaweed.»

Como anarquistas, os membros da IFA reunidos em Liubliana para uma CRIFA queremos expressar nosso apoio ao povo sudanês oprimido. Nossos pensamentos estão com os caídos que se defenderam. Esses companheiros lutaram para defender uma vida melhor e pagaram o preço. Esta guerra é como todas as outras, todas elas devem ser denunciadas e abandonadas. Como anarquistas, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar as vítimas dos conflitos e nos opor a esta situação. Nosso antimilitarismo e nosso ativismo contra a guerra superam fronteiras e mares.

“Que a revolução perdure, como uma adaga envenenada no coração dos tiranos”.

Comitê de Relações da Internacional de Federações Anarquistas,
Liubliana, 2 de novembro de 2025

A Fome é uma Invenção do Capitalismo: Da Mentira da Escassez à Luta pela Soberania Alimentar

Reproduzimos o texto oriundo da conferência proferida no dia 03/10/2025:

A fome é sistematicamente apresentada como um problema técnico, resultado de uma suposta falta de comida, ou como uma tragédia natural decorrente de secas e guerras. Esta é a grande mentira que nos é contada. Na realidade, a fome não é uma falha do sistema capitalista; é uma de suas funcionalidades mais cruéis e brutais, a expressão máxima de uma lógica que coloca o lucro acima da vida.

A prova mais contundente dessa perversidade está no Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Na safra de 2022/2023, o país produziu mais de 300 milhões de toneladas de grãos. Se essa produção fosse simplesmente dividida pela população, cada brasileiro teria direito a mais de 4 kg de comida por dia. No entanto, em meio a essa abundância obscena, 33 milhões de pessoas passam fome e 70 milhões vivem em insegurança alimentar. Como é possível? A resposta é simples e direta: o sistema não produz para alimentar; produz para lucrar.

Esta é a lógica perversa do capitalismo: a comida não é um direito, é uma mercadoria. Seu valor primordial não está em nutrir pessoas, mas em gerar acumulação de capital. É mais lucrativo para uma grande corporação transformar milho em etanol ou ração para gado confinado do que garantir comida barata para a população. O desperdício deliberado — jogar leite fora ou deixar frutas apodrecerem — é uma estratégia de mercado para manter os preços altos. Quem comanda esse sistema são cerca de 50 corporações globais, como Cargill, Bayer e Nestlé, que controlam a produção, a distribuição e os preços dos alimentos. A comida está nas mãos de quem quer sugar lucro, não nutrir vidas.

No Brasil, a face mais visível dessa máquina de gerar fome é o agronegócio. Ele não produz comida; produz commodities para exportação. Enquanto ocupa 75% das terras cultiváveis, é a agricultura familiar, que usa apenas 23% da área, quem coloca a comida de verdade na mesa do brasileiro, responsável por 70% do feijão, 58% do leite e 38% do café. Ainda assim, o agronegócio recebe a esmagadora maioria dos subsídios e créditos governamentais. O sistema, portanto, financia quem exporta lucro, não quem alimenta o povo. E o faz através da expulsão de comunidades tradicionais, do envenenamento da terra com agrotóxicos e da destruição de biomas, consolidando-se como um projeto de morte.

O Estado, longe de ser um mediador neutro, atua como o gerente desse capital. O desmonte de políticas públicas é uma escolha política. O Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU em 2014 graças a políticas robustas de apoio à agricultura familiar e distribuição de renda. Com o governo posterior, essas políticas foram desmontadas, e o país retornou ao Mapa da Fome em 2022. Isso não foi um acidente, mas a consequência direta de um Estado que serve ao capital e joga com a vida do povo conforme os interesses das classes dominantes. Programas bem-sucedidos como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o PNAE, que direciona 30% da alimentação escolar para a agricultura familiar, mostram que soluções existem, mas são sempre os primeiros alvos quando o capital exige austeridade.

Diante desse cenário, não basta denunciar. É preciso construir as alternativas aqui e agora, sem depender do Estado ou das corporações. A Ação Direta se materializa nas ocupações de terra do MST e outros movimentos, que não são “invasões”, mas a recuperação de terras roubadas para um propósito social: produzir comida de verdade, sem veneno, de forma cooperada. O Apoio Mútuo se concretiza nas cooperativas de agricultura familiar, nas feiras livres, nas hortas comunitárias e nos circuitos curtos de produção e consumo. Um exemplo prático é a ASTRAF no Distrito Federal, que produz 40 toneladas de alimentos orgânicos por mês e abastece diretamente as escolas públicas. Isso é soberania alimentar na prática: o povo controlando o que produz e o que come.

Conclui-se, portanto, que a fome é uma arma política. É um instrumento para controlar, disciplinar e fragilizar a classe trabalhadora. Um povo com fome é mais fácil de manipular. O problema mundial nunca foi a falta de comida, e sim a concentração de renda, terra, poder e lucro — engrenagens do Estado e do Capital que fabricam a escassez. Nossa luta não é por migalhas ou “mais políticas públicas”. É por uma mudança radical: pela terra livre, pelas sementes crioulas, pela autogestão das comunidades e pelo fim do poder das corporações e do Estado. A fome é uma invenção do capitalismo. E a nossa tarefa histórica é inventar, com nossas próprias mãos, um mundo novo onde ela seja apenas uma lembrança ruim. Pela terra, pela liberdade e pelo fim de toda a dominação!

Liberto Herrera.

União Anarquista Federalista – UAF

Do Debate à Ação: Forjando a Liberdade em Lajinha!

Companheiras, companheiros, povo consciente de Lajinha e de todo território dominado pelo Estado brasileiro!

Enquanto os de cima festejam em seus salões e apostam na nossa desunião, nós, da União Anarquista Federalista (UAF), fazemos o que eles mais temem: nos reunimos, debatemos e forjamos nossa própria liberdade. No fim da tarde de 30 de setembro, a revolução não gritou nas ruas, mas sussurrou e raciocinou em uma poderosa roda de conversa. O povo se reuniu não para ouvir um líder, mas para construir, coletivamente, o caminho da sua própria emancipação.

Os temas não foram acadêmicos. Foram ferramentas. Autogestão – a prova prática de que não precisamos de patrões para organizar nosso trabalho e nossas vidas. Apoio Mútuo – a arma letal contra a lógica individualista e competitiva que o Capital nos impõe. Solidariedade de Classe – a compreensão de que a luta do operário da fábrica é a mesma do camponês do campo, do favelado, do estudante endividado e da mãe solo que luta para sobreviver.

Este não foi um debate de ideias abstratas. Foi uma trincheira de formação revolucionária. Foi a demonstração de que o povo, quando se organiza horizontalmente, é perfeitamente capaz de pensar, de aprender e de ensinar. Enquanto o Estado nos trata como incapazes e o Capital nos reduz a meros números, nós, anarquistas, reafirmamos: o conhecimento é poder, e esse poder deve ser de todos!

A roda de conversa é a antítese do parlamento burguês. Enquanto eles falam sobre nós, sem nós, nós falamos por nós, entre nós. É a ação direta aplicada à educação. É a semente da nova sociedade sendo plantada no terreno fértil da consciência popular. É a prova de que a revolução não se faz apenas com confronto, mas também com a paciência revolucionária de educar, organizar e construir poder popular.

Mas, companheiras e companheiros, de que adianta o debate se ele não se transformar em prática? A autogestão discutida deve virar uma cooperativa de trabalhadores, uma horta comunitária. O apoio mútuo deve se materializar em uma caixa de solidariedade para greves, no apoio a um morador despejado. A solidariedade de classe deve ecoar nos piquetes de luta e nas assembleias populares.

A UAF não veio a Lajinha para doutrinar. Veio para semear e, ao mesmo tempo, aprender. Convocamos a todos que participaram e a todos que sentem o chamado da liberdade:

Aos que entenderam que a verdadeira educação é libertária,

Aos que veem na autogestão o futuro da sociedade

Aos que praticam o apoio mútuo no seu dia a dia e querem transformá-lo em força política,

ASSOCIEM-SEM À UAF E VAMOS OMBREAR POR UM MUNDO MELHOR!

Que a roda de Lajinha não seja um evento isolado. Que seja o primeiro de muitos círculos de estudo, de muitos grupos de afinidade, de muitos núcleos de poder popular. Que de cada conversa surja uma comissão de bairro, que de cada debate nasça um novo sindicato combativo.

A noite em Lajinha foi iluminada não apenas pela luz do fim de tarde, mas pela chama da inteligência coletiva e da vontade de lutar. Que essa chama se alastre, queimando as correntes da ignorância e da opressão.

Pela educação libertária! Pela construção da organização popular antiestatal e anticapitalista!

A luta continua, na teoria e na prática!

Viva a Anarquia! Viva a UAF!

União Anarquista Federalista (UAF)

A Rua é Nossa! Semeando a Anarquia em Muriaé/MG!

Companheiras, companheiros, povo trabalhador de Muriaé e de todo o Brasil!

No dia 29 de setembro, as ruas da cidade foram tomadas por uma voz que não é a dos poderosos, não é a dos políticos profissionais e muito menos a dos exploradores. Foi a voz do povo, ecoando em alto e bom som através da ação direta da União Anarquista Federalista (UAF). Panfletos que desmascaram a farsa do Estado e do Capital foram distribuídos mão a mão. Cartazes que clamam por liberdade e autogestão foram fixados como bandeiras de guerra nos muros da cidade. A propaganda revolucionária não pediu licença: ocupou.

Este não foi um simples passeio. Foi um ato de coragem e um lembrete potente: a organização popular não espera por eleições, não deposita esperança em salvadores de paletó. A mudança real nasce da base, das mãos calejadas de quem constrói a riqueza e dos pés cansados de quem pisa o asfalto todos os dias. A UAF, com esta ação, não veio trazer uma verdade pronta, mas sim um convite à luta e à construção coletiva. Veio dizer que a semente da anarquia – que é a semente da liberdade, da solidariedade e do apoio mútuo – pode e deve florescer em cada bairro, em cada fábrica, em cada escola.

Enquanto o Estado nos oprime com seus impostos, sua polícia e suas leis que só servem para proteger a propriedade privada dos ricos; enquanto o Capital nos explora com salários de fome, jornadas exaustivas e a ameaça constante do desemprego, nós, anarquistas, respondemos com a única linguagem que eles entendem: a Ação Direta.

Distribuir um panfleto é um ato de ação direta. É educar, é agitar, é organizar sem intermediários.
Fixar um cartaz é um ato de ação direta. É retomar o espaço público que nos é roubado pela propaganda comercial e pelo cinismo político.
Ocupar as ruas é um ato de ação direta. É mostrar que a cidade também nos pertence, a nós, a classe que a constrói e a mantém de pé.

Mas esta ação, por mais importante que seja, é apenas o começo. Uma faísca num campo seco de injustiças. Sozinhos, somos facilmente abafados. Organizados, seremos uma tempestade que nenhum governo consegue conter.

A UAF não quer ser a sua vanguarda. Quer ser a sua ferramenta, o seu braço organizado na luta cotidiana. Convocamos a todas e todos que se identificam com esta luta:

  • Aos que estão cansados de ser governados: Juntem-se a nós!
  • Aos que sonham com uma sociedade sem patrões nem Estado: Juntem-se a nós!
  • Aos que acreditam que o poder deve estar nas mãos do povo, organizado de baixo para cima: Juntem-se a nós!

Não basta torcer pela revolução na sombra. É preciso construí-la à luz do dia. É preciso estudar, debater, formar grupos de afinidade, criar sindicatos combativos, fortalecer as comunidades e, acima de tudo, agir.

A semente foi plantada em Muriaé. Cabe a nós, povo organizado, regá-la com nossa coragem e nossa luta incessante. Que a ação de 29 de setembro seja a primeira de muitas. Que cada rua, cada praça, cada coração oprimido se torne um território livre da luta anarquista.

Pela organização popular! Pela ação direta! Pela revolução social!

Viva a Anarquia! Viva a UAF!

União Anarquista Federalista (UAF)

Conferências da UAF: Não é falta de comida, é excesso de Capitalismo: A invenção da Fome

A fome não é um acidente nem uma fatalidade. É um projeto político e econômico do capitalismo, que transforma o alimento – um direito básico – em uma mercadoria lucrativa. Enquanto o agronegócio ostenta recordes de produção e lucros bilionários, milhões são lançados à miséria extrema, vítimas de um sistema que prioriza a exportação e a acumulação de riqueza nas mãos de poucos. A fome é a violência mais visceral deste modelo de morte.

É urgente desmascarar essa engrenagem perversa e romper com a narrativa de que não há alternativa. Precisamos falar de soberania alimentar, de autogestão, de apoio mútuo e de como a organização popular direta pode construir um novo caminho, desde já, a partir da base, sem depender do Estado ou dos capitalistas.

União Anarquista Federalista (UAF) convoca todes para a conferência “A Fome é uma Invenção do Sistema Capitalista”, no dia 03 de Outubro de 2025, às 20h. Vamos juntar a fome com a vontade de lutar! Para garantir sua inscrição e receber o link de acesso, envie um e-mail para uaf@riseup.net. Não vamos apenas denunciar a fome; vamos organizar a sua abolição!

União Anarquista Federalista (UAF)

Capitalismo e o Colapso Ecológico Anunciado

Reproduzimos abaixo o posicionamento da Federação Anarquista Capixaba – FACA, associada à UAF:

Os dados alarmantes divulgados neste ano de 2025 pela Organização Meteorológica Mundial – o mar em superaquecimento, 1,4 milhão de deslocados por eventos climáticos extremos no Pacífico, 10% dos oceanos sufocados por ondas de calor – não são meros acidentes naturais. São o resultado palpável, o sintoma terminal, de uma máquina de morte chamada capitalismo. Este sistema, fundado na acumulação infinita de lucro, é intrinsecamente predatório. Ele transforma tudo – florestas, oceanos, a própria atmosfera – em mercadoria a ser explorada até o esgotamento. A lógica do crescimento perpétuo, indispensável ao capital, é biologicamente impossível num planeta finito. As emissões descontroladas, a extração insana de recursos, a poluição industrial desenfreada, são não falhas do sistema, mas seu modus operandi essencial. O recorde de temperatura do mar é o termômetro calibrado pela ganância corporativa.

A tragédia no Pacífico, com milhões forçados a abandonar suas terras por ciclones intensificados e elevação dos mares, expõe o rosto brutal do colonialismo ambiental inerente ao capitalismo globalizado. As nações insulares e comunidades costeiras, que menos contribuíram historicamente para as emissões de carbono, são as primeiras e mais violentamente atingidas. Enquanto isso, as megacorporações de combustíveis fósseis e os Estados industrializados, principais responsáveis pelo caos climático, continuam a lucrar obscenamente e a financiar novas explorações. O sistema protege seus agentes e transfere o custo humano e ecológico para os mais vulneráveis, os “descartáveis” do Sul Global. O deslocamento em massa não é um efeito colateral; é a externalização planejada do custo da acumulação capitalista.

A ilusão perigosa do “capitalismo verde” ou do “desenvolvimento sustentável” é apenas mais uma engrenagem na máquina de destruição. São falsas soluções de mercado – créditos de carbono, energias “limpas” controladas por monopólios, tecnologias mirabolantes – que servem para manter intactas as estruturas de poder e acumulação. Elas não questionam a necessidade fundamental de expansão infinita e consumo desenfreado; apenas tentam pintar de verde o mesmo modelo insustentável, criando novas fontes de lucro enquanto o planeta continua a arder. Os ciclones que devastam o Sudoeste da Ásia não serão contidos por painéis solares vendidos por megacorporações. Esta é uma cortina de fumaça para perpetuar o controle e adiar a ação radical necessária.

Diante dessa realidade, é uma insanidade acreditar que reformas dentro do sistema capitalista podem deter a catástrofe. A ação climática significativa exige o desmantelamento imediato da indústria de combustíveis fósseis, o fim da produção desnecessária de mercadorias, uma profunda redistribuição de riqueza e uma reorganização radical da vida em torno das necessidades comunitárias e ecológicas, não do lucro. O capitalismo, por sua própria natureza, é incapaz de realizar isso. Ele só compreende a linguagem do crescimento e da exploração. Portanto, a luta ecológica verdadeira é, inevitavelmente, uma luta revolucionária anticapitalista. Defender a Terra significa atacar as raízes do poder que a destrói: o Estado que a protege e o capital que a devora.

A única esperança reside na ação direta, na organização autônoma das comunidades, na desobediência massiva e na construção de alternativas horizontais e libertárias agora. Devemos sabotar as máquinas da destruição – dos gasodutos às mineradoras – e criar zonas de resistência e autonomia onde a vida, não o lucro, seja o valor supremo.

A destruição do capitalismo não é um desejo vingativo; é uma necessidade ecológica absoluta, o pré-requisito para qualquer chance de sobrevivência coletiva neste planeta. Os 1,4 milhões de deslocados no Pacífico são as vítimas de hoje. Se não destruirmos a máquina que os esmaga, seremos todos as vítimas de amanhã. A Terra não negocia; ela se rebela. Ou nos rebelamos com ela, abolindo o capitalismo, ou perecemos com ele.

Federação Anarquista Capixaba – FACA

CONTRA A GUERRA, CONTRA O PODER A IFA CONVOCA TODXS XS ANARQUISTAS A SE LEVANTAREM CONTRA A OTAN

A Cúpula da OTAN de 2025 ocorreu no Fórum Mundial de Haia, Holanda, de 24 a 26 de junho. Enquanto a máquina de guerra reúne milhares de delegados de seus 32 estados-membros para orquestrar a próxima grande onda de expansão militar, não devemos enfrentá-la com silêncio. Devemos erguer uma bandeira de desafio e resistência.

A OTAN não existe para nos proteger. Serve aos interesses de Estados, corporações e alguns poucos oligarcas às custas da maioria. O Estado, a OTAN ou qualquer outra aliança militar multinacional não nos traz segurança – traz controle, buscando apenas nossa obediência, conformidade e capitulação. Seja na violência policial endêmica em nossas comunidades, nos campos de batalha ensanguentados da Ucrânia ou nos oceanos de escombros em Gaza, temos um único inimigo: o capitalismo e o Estado.

Desde sua criação em 1947, a OTAN só agiu como executora da violência imperialista, ferramenta de repressão e motor de guerra. Não é protetora da paz. É nosso inimigo de classe e uma ameaça direta à vida e ao bem-estar de cada umx de nós. Nossa luta não é entre nações – é entre a classe dominante e todxs xs que resistimos. Isso permanece verdadeiro mesmo diante das realidades brutais da guerra.

Sob o pretexto da segurança europeia e nacional, os governos da OTAN investem bilhões em orçamentos militares enquanto cortam serviços sociais vitais. Enquanto constroem exércitos, nos deixam lutar pela sobrevivência básica. Impõem austeridade enquanto acumulam recursos para a guerra. Constroem exércitos enquanto nós lutamos por saúde, moradia e dignidade básica.

Vemos diariamente como recrutam a próxima geração e a preparam para empunhar armas: desprovidx de oportunidades, elxs não veem outra opção além de alistar-se como carne de canhão em conflitos que não criaram, vendidx à ideia de aventura, fraternidade e patriotismo. Quando voltam, mutiladxs e destroçadxs, são descartadxs – úteis apenas como símbolos em desfiles vazios. Alguns poucos agrupadxs exibem propaganda interminável.

Convocamos xs anarquistas, antiautoritárixs e todxs xs que se opõem à guerra a reunirem-se, organizarem-se e resistirem ao militarismo. A OTAN e seus senhores da guerra se reunirão, mas nós também. Tomaremos as ruas. Interromperemos suas demonstrações de poder. Forjaremos redes de solidariedade e nos oporemos diretamente às suas guerras, sua polícia militarizada e à repressão de nossos movimentos.

Xs anarquistas lutamos por um mundo sem fronteiras, sem Estados e sem os exércitos que sustentam seu domínio. Chamamos à solidariedade internacional contra a OTAN e toda manifestação de opressão militarizada – seja a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), a Força Escudo Peninsular (FEP), a Aliança dos Estados do Sahel (AES), o Plano Rearmar Europa 2030 ou qualquer outro pacto ou exército da chamada “segurança coletiva”. Sob qualquer nome, servem ao mesmo propósito: manter a dominação pela força, perpetuando o sofrimento mundial.

As armas que hoje usam para assegurar recursos, amanhã se voltarão contra nós.

Convocamos todxs xs anarquistas, antiautoritárixs e antimilitaristas a agirem nestes dias em Haia e em todo o mundo em solidariedade internacional. Que os detalhes de nossos planos cresçam juntos. Vamos nos organizar e preparar nossas ações juntxs – e juntxs faremos saber: Rejeitamos as falsas escolhas do nacionalismo. Rejeitamos a ideia falsa de que a OTAN existe para proteger. Rejeitamos a brutalidade de seu militarismo e as doutrinas marciais de guerra. Rejeitamos suas propostas orçamentárias que esfomearão os cofres da classe trabalhadora. Apoiamos as vítimas e xs desertorxs de todas as guerras.

Nem guerra entre povos, nem paz entre classes.
AGIR.

Comissão de Relações da Internacional de Federações Anarquistas (IFA) – Marselha, 22 e 23 de março de 2025

A Prisão das 6 de La Suiza: A Máscara Caída do Estado Capitalista

Na esteira da brutal repressão do estado espanhol contra nossas companheiras, compartilhamos a reflexão infra. Não abaixemos nossas cabeças! À luta!

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Eis que se inicia o cumprimento da pena de reclusão das 6 de La Suiza. Essa condenação das sindicalistas não é um “erro judicial” ou excesso pontual. É a expressão nua da lógica do Estado-Capital: uma engrenagem projetada para esmagar quem ousa organizar-se contra a exploração. Quando trabalhadoras combativas são encarceradas por defenderem direitos básicos, enquanto fascistas desfilam impunes, revela-se o verdadeiro rosto da “justiça de classe”. O sistema não tolera ameaças à sua ordem — seja nas fábricas de Myanmar ou nas ruas de Xixón. A prisão é a resposta previsível de um regime que protege propriedade, não pessoas; lucro, não vida.

Esperar clemência do Estado — como o indulto em análise — é alimentar a mesma ilusão que sustenta o reformismo. O Capital jamais concede liberdade; apenas gerencia sua dosagem para evitar rebeliões. No contexto espanhol, a chamada “Lei da Mordaça”, mantida até por “governos progressistas”, comprova: o aparato estatal existe para criminalizar a dissidência e blindar as elites. Pedir gentileza aos carcereiros é negar que as cadeias foram construídas justamente para nos trancar. O anarquismo sabe: não há diálogo possível com quem lucra com nossas algemas.

A solução não está na súplica, mas na radicalização da luta. Se o Estado responde com prisões a greves e piquetes, nossa resposta deve ser multiplicar ações diretas, redes de apoio mútuo e greves selvagens. As vitórias, mesmo que pequenas, que vemos conquistadas por pressão externa e organização horizontal, mostram o caminho: só a combatividade fere o Capital. Paralisar produção, boicotar marcas, ocupar espaços e expor seus crimes são armas que ferem onde eles doem: no bolso e no controle.

Superar o Capital e o Estado exige construir outro mundo aqui e agora. Cada família apoiada após um terremoto, cada produto menstrual distribuído, cada manifestante protegido da repressão são atos de autogestão que corroem a necessidade do opressor. As 6 de La Suiza não precisam de piedade; precisam que transformemos sua cela em símbolo de insurreição global. Enquanto houver um preso político, nossa luta é por derrubar os muros das prisões — e os do sistema que as ergueu.

A liberdade não será concedida; será tomada pela solidariedade intransigente. Como gritam nas ruas:
Nem um passo atrás!
 
Liberto Herrera
 

Liberdade imediata para as 6 da Suíça!

A União Anarquista Federalista se solidariza com as 06 da Suíça, oportunidade na qual traduzimos e publicamos o manifesto da CNT espanhola:

No dia 10 de Julho de 2025, as 6 da Suíça entraram na prisão. Seis sindicalistas por fazer sindicalismo. Entram presas por defender direitos trabalhistas. Por praticar a solidariedade entre trabalhadores e trabalhadoras: ou seja, está sendo condenada a atividade sindical em seu aspecto mais essencial: a prática da defesa dos nossos interesses como classe trabalhadora.

Este tremendo ataque à liberdade sindical não é um caso isolado. Faz parte de um desvio repressivo contra o sindicalismo que incomoda, aquele que não se dobra e enfrenta, como aconteceu recentemente com os 23 detidos na Greve do metal de Cádiz.

Vimos no Caso La Suíça como o capital exerce seu poder em toda a sua extensão: abuso e violação dos direitos de uma trabalhadora, assédio policial e perseguição judicial. Não nos engana mais o truque da “separação de poderes”. Aqui, a classe dominante concentra o poder em todas as suas esferas. Não esqueçamos que o juiz Lino Rubio Mayo compra palavra por palavra a versão patronal e ignora a dimensão trabalhista, social e de gênero que motivou o conflito. Da mesma forma que ignora que a confeitaria estava à venda antes do conflito estourar. Estes, há um século, nos teriam aplicado a chamada Lei de Fugas e jogado numa vala.

Que não venham nos falar de justiça. O encarceramento das 6 da Suíça é uma punição exemplar para semear medo entre quem luta. Tentam reduzir a ação sindical a mera reclamação. Mas não vão conseguir. Hoje as 6 da Suíça entram na prisão, mas não estão sozinhas: contam com o apoio de milhares de trabalhadores e trabalhadoras que foram às ruas, que ergueram a voz, que entendem que este caso é de todas nós. Mas, acima de tudo, que entendem que fazer sindicalismo é dignidade, que praticar a solidariedade entre trabalhadores e trabalhadoras é a única justiça que podemos esperar num sistema que encarcera sindicalistas, infiltra movimentos sociais e detém grevistas às dezenas.

A CNT esteve, está e estará com cada companheira perseguida por lutar. Desde o primeiro dia, o sindicato sustentou sua defesa jurídica, deu apoio político, emocional e econômico, porque não há prisão nem sentença que nos faça abandonar nossas companheiras. Continuaremos lutando pela liberdade das 6 da Suíça, que é lutar pela liberdade sindical. E faremos isso até o fim, nos tribunais, nas ruas e na consciência deste país. E, acima de tudo, continuaremos travando a batalha em cada local de trabalho.

Porque somos mais que seis. Somos milhares. Somos todas.

LIBERDADE IMEDIATA PARA AS 6 DA SUÍÇA!

Fonte: https://www.cnt.es/noticias/libertad-inmediata-para-las-6-de-la-suiza/

CINECLUBE DA UAF-FACA EM CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM/ES!

No dia 11 de junho de 2025, às 20h, a União Anarquista Federalista (UAF) e a Federação Anarquista Capixaba (FACA) promovem mais uma edição do Cineclube Anarquista, desta vez com a exibição do filme Nós que aqui estamos por vós esperamos, no município de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

A sessão é aberta ao público e tem como objetivo fomentar a reflexão crítica sobre o tempo, a memória e os sujeitos invisibilizados pela lógica destrutiva do capital e da história oficial. A escolha do filme não é por acaso: trata-se de um mergulho poético e político nas engrenagens que moem vidas em nome do progresso e do esquecimento.

Mais do que um simples encontro cultural, o cineclube é uma trincheira. Um espaço para o pensamento insurgente, para o diálogo entre companheiras e companheiros dispostos a romper com a normalidade imposta. Diante de um mundo que insiste em nos silenciar, ocupar a arte e o cinema com nossas perguntas é também uma forma de resistência.

Convidamos todas, todos e todes a se inscreverem pelo e-mail fedca@riseup.net e somarem-se a essa construção coletiva que afirma: existimos, lembramos e lutamos.

União Anarquista Federalista (UAF)

Federação Anarquista Capixaba (FACA)