Capitalismo e o Colapso Ecológico Anunciado

Reproduzimos abaixo o posicionamento da Federação Anarquista Capixaba – FACA, associada à UAF:

Os dados alarmantes divulgados neste ano de 2025 pela Organização Meteorológica Mundial – o mar em superaquecimento, 1,4 milhão de deslocados por eventos climáticos extremos no Pacífico, 10% dos oceanos sufocados por ondas de calor – não são meros acidentes naturais. São o resultado palpável, o sintoma terminal, de uma máquina de morte chamada capitalismo. Este sistema, fundado na acumulação infinita de lucro, é intrinsecamente predatório. Ele transforma tudo – florestas, oceanos, a própria atmosfera – em mercadoria a ser explorada até o esgotamento. A lógica do crescimento perpétuo, indispensável ao capital, é biologicamente impossível num planeta finito. As emissões descontroladas, a extração insana de recursos, a poluição industrial desenfreada, são não falhas do sistema, mas seu modus operandi essencial. O recorde de temperatura do mar é o termômetro calibrado pela ganância corporativa.

A tragédia no Pacífico, com milhões forçados a abandonar suas terras por ciclones intensificados e elevação dos mares, expõe o rosto brutal do colonialismo ambiental inerente ao capitalismo globalizado. As nações insulares e comunidades costeiras, que menos contribuíram historicamente para as emissões de carbono, são as primeiras e mais violentamente atingidas. Enquanto isso, as megacorporações de combustíveis fósseis e os Estados industrializados, principais responsáveis pelo caos climático, continuam a lucrar obscenamente e a financiar novas explorações. O sistema protege seus agentes e transfere o custo humano e ecológico para os mais vulneráveis, os “descartáveis” do Sul Global. O deslocamento em massa não é um efeito colateral; é a externalização planejada do custo da acumulação capitalista.

A ilusão perigosa do “capitalismo verde” ou do “desenvolvimento sustentável” é apenas mais uma engrenagem na máquina de destruição. São falsas soluções de mercado – créditos de carbono, energias “limpas” controladas por monopólios, tecnologias mirabolantes – que servem para manter intactas as estruturas de poder e acumulação. Elas não questionam a necessidade fundamental de expansão infinita e consumo desenfreado; apenas tentam pintar de verde o mesmo modelo insustentável, criando novas fontes de lucro enquanto o planeta continua a arder. Os ciclones que devastam o Sudoeste da Ásia não serão contidos por painéis solares vendidos por megacorporações. Esta é uma cortina de fumaça para perpetuar o controle e adiar a ação radical necessária.

Diante dessa realidade, é uma insanidade acreditar que reformas dentro do sistema capitalista podem deter a catástrofe. A ação climática significativa exige o desmantelamento imediato da indústria de combustíveis fósseis, o fim da produção desnecessária de mercadorias, uma profunda redistribuição de riqueza e uma reorganização radical da vida em torno das necessidades comunitárias e ecológicas, não do lucro. O capitalismo, por sua própria natureza, é incapaz de realizar isso. Ele só compreende a linguagem do crescimento e da exploração. Portanto, a luta ecológica verdadeira é, inevitavelmente, uma luta revolucionária anticapitalista. Defender a Terra significa atacar as raízes do poder que a destrói: o Estado que a protege e o capital que a devora.

A única esperança reside na ação direta, na organização autônoma das comunidades, na desobediência massiva e na construção de alternativas horizontais e libertárias agora. Devemos sabotar as máquinas da destruição – dos gasodutos às mineradoras – e criar zonas de resistência e autonomia onde a vida, não o lucro, seja o valor supremo.

A destruição do capitalismo não é um desejo vingativo; é uma necessidade ecológica absoluta, o pré-requisito para qualquer chance de sobrevivência coletiva neste planeta. Os 1,4 milhões de deslocados no Pacífico são as vítimas de hoje. Se não destruirmos a máquina que os esmaga, seremos todos as vítimas de amanhã. A Terra não negocia; ela se rebela. Ou nos rebelamos com ela, abolindo o capitalismo, ou perecemos com ele.

Federação Anarquista Capixaba – FACA

CONTRA A GUERRA, CONTRA O PODER A IFA CONVOCA TODXS XS ANARQUISTAS A SE LEVANTAREM CONTRA A OTAN

A Cúpula da OTAN de 2025 ocorreu no Fórum Mundial de Haia, Holanda, de 24 a 26 de junho. Enquanto a máquina de guerra reúne milhares de delegados de seus 32 estados-membros para orquestrar a próxima grande onda de expansão militar, não devemos enfrentá-la com silêncio. Devemos erguer uma bandeira de desafio e resistência.

A OTAN não existe para nos proteger. Serve aos interesses de Estados, corporações e alguns poucos oligarcas às custas da maioria. O Estado, a OTAN ou qualquer outra aliança militar multinacional não nos traz segurança – traz controle, buscando apenas nossa obediência, conformidade e capitulação. Seja na violência policial endêmica em nossas comunidades, nos campos de batalha ensanguentados da Ucrânia ou nos oceanos de escombros em Gaza, temos um único inimigo: o capitalismo e o Estado.

Desde sua criação em 1947, a OTAN só agiu como executora da violência imperialista, ferramenta de repressão e motor de guerra. Não é protetora da paz. É nosso inimigo de classe e uma ameaça direta à vida e ao bem-estar de cada umx de nós. Nossa luta não é entre nações – é entre a classe dominante e todxs xs que resistimos. Isso permanece verdadeiro mesmo diante das realidades brutais da guerra.

Sob o pretexto da segurança europeia e nacional, os governos da OTAN investem bilhões em orçamentos militares enquanto cortam serviços sociais vitais. Enquanto constroem exércitos, nos deixam lutar pela sobrevivência básica. Impõem austeridade enquanto acumulam recursos para a guerra. Constroem exércitos enquanto nós lutamos por saúde, moradia e dignidade básica.

Vemos diariamente como recrutam a próxima geração e a preparam para empunhar armas: desprovidx de oportunidades, elxs não veem outra opção além de alistar-se como carne de canhão em conflitos que não criaram, vendidx à ideia de aventura, fraternidade e patriotismo. Quando voltam, mutiladxs e destroçadxs, são descartadxs – úteis apenas como símbolos em desfiles vazios. Alguns poucos agrupadxs exibem propaganda interminável.

Convocamos xs anarquistas, antiautoritárixs e todxs xs que se opõem à guerra a reunirem-se, organizarem-se e resistirem ao militarismo. A OTAN e seus senhores da guerra se reunirão, mas nós também. Tomaremos as ruas. Interromperemos suas demonstrações de poder. Forjaremos redes de solidariedade e nos oporemos diretamente às suas guerras, sua polícia militarizada e à repressão de nossos movimentos.

Xs anarquistas lutamos por um mundo sem fronteiras, sem Estados e sem os exércitos que sustentam seu domínio. Chamamos à solidariedade internacional contra a OTAN e toda manifestação de opressão militarizada – seja a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), a Força Escudo Peninsular (FEP), a Aliança dos Estados do Sahel (AES), o Plano Rearmar Europa 2030 ou qualquer outro pacto ou exército da chamada “segurança coletiva”. Sob qualquer nome, servem ao mesmo propósito: manter a dominação pela força, perpetuando o sofrimento mundial.

As armas que hoje usam para assegurar recursos, amanhã se voltarão contra nós.

Convocamos todxs xs anarquistas, antiautoritárixs e antimilitaristas a agirem nestes dias em Haia e em todo o mundo em solidariedade internacional. Que os detalhes de nossos planos cresçam juntos. Vamos nos organizar e preparar nossas ações juntxs – e juntxs faremos saber: Rejeitamos as falsas escolhas do nacionalismo. Rejeitamos a ideia falsa de que a OTAN existe para proteger. Rejeitamos a brutalidade de seu militarismo e as doutrinas marciais de guerra. Rejeitamos suas propostas orçamentárias que esfomearão os cofres da classe trabalhadora. Apoiamos as vítimas e xs desertorxs de todas as guerras.

Nem guerra entre povos, nem paz entre classes.
AGIR.

Comissão de Relações da Internacional de Federações Anarquistas (IFA) – Marselha, 22 e 23 de março de 2025

A Prisão das 6 de La Suiza: A Máscara Caída do Estado Capitalista

Na esteira da brutal repressão do estado espanhol contra nossas companheiras, compartilhamos a reflexão infra. Não abaixemos nossas cabeças! À luta!

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Eis que se inicia o cumprimento da pena de reclusão das 6 de La Suiza. Essa condenação das sindicalistas não é um “erro judicial” ou excesso pontual. É a expressão nua da lógica do Estado-Capital: uma engrenagem projetada para esmagar quem ousa organizar-se contra a exploração. Quando trabalhadoras combativas são encarceradas por defenderem direitos básicos, enquanto fascistas desfilam impunes, revela-se o verdadeiro rosto da “justiça de classe”. O sistema não tolera ameaças à sua ordem — seja nas fábricas de Myanmar ou nas ruas de Xixón. A prisão é a resposta previsível de um regime que protege propriedade, não pessoas; lucro, não vida.

Esperar clemência do Estado — como o indulto em análise — é alimentar a mesma ilusão que sustenta o reformismo. O Capital jamais concede liberdade; apenas gerencia sua dosagem para evitar rebeliões. No contexto espanhol, a chamada “Lei da Mordaça”, mantida até por “governos progressistas”, comprova: o aparato estatal existe para criminalizar a dissidência e blindar as elites. Pedir gentileza aos carcereiros é negar que as cadeias foram construídas justamente para nos trancar. O anarquismo sabe: não há diálogo possível com quem lucra com nossas algemas.

A solução não está na súplica, mas na radicalização da luta. Se o Estado responde com prisões a greves e piquetes, nossa resposta deve ser multiplicar ações diretas, redes de apoio mútuo e greves selvagens. As vitórias, mesmo que pequenas, que vemos conquistadas por pressão externa e organização horizontal, mostram o caminho: só a combatividade fere o Capital. Paralisar produção, boicotar marcas, ocupar espaços e expor seus crimes são armas que ferem onde eles doem: no bolso e no controle.

Superar o Capital e o Estado exige construir outro mundo aqui e agora. Cada família apoiada após um terremoto, cada produto menstrual distribuído, cada manifestante protegido da repressão são atos de autogestão que corroem a necessidade do opressor. As 6 de La Suiza não precisam de piedade; precisam que transformemos sua cela em símbolo de insurreição global. Enquanto houver um preso político, nossa luta é por derrubar os muros das prisões — e os do sistema que as ergueu.

A liberdade não será concedida; será tomada pela solidariedade intransigente. Como gritam nas ruas:
Nem um passo atrás!
 
Liberto Herrera
 

Liberdade imediata para as 6 da Suíça!

A União Anarquista Federalista se solidariza com as 06 da Suíça, oportunidade na qual traduzimos e publicamos o manifesto da CNT espanhola:

No dia 10 de Julho de 2025, as 6 da Suíça entraram na prisão. Seis sindicalistas por fazer sindicalismo. Entram presas por defender direitos trabalhistas. Por praticar a solidariedade entre trabalhadores e trabalhadoras: ou seja, está sendo condenada a atividade sindical em seu aspecto mais essencial: a prática da defesa dos nossos interesses como classe trabalhadora.

Este tremendo ataque à liberdade sindical não é um caso isolado. Faz parte de um desvio repressivo contra o sindicalismo que incomoda, aquele que não se dobra e enfrenta, como aconteceu recentemente com os 23 detidos na Greve do metal de Cádiz.

Vimos no Caso La Suíça como o capital exerce seu poder em toda a sua extensão: abuso e violação dos direitos de uma trabalhadora, assédio policial e perseguição judicial. Não nos engana mais o truque da “separação de poderes”. Aqui, a classe dominante concentra o poder em todas as suas esferas. Não esqueçamos que o juiz Lino Rubio Mayo compra palavra por palavra a versão patronal e ignora a dimensão trabalhista, social e de gênero que motivou o conflito. Da mesma forma que ignora que a confeitaria estava à venda antes do conflito estourar. Estes, há um século, nos teriam aplicado a chamada Lei de Fugas e jogado numa vala.

Que não venham nos falar de justiça. O encarceramento das 6 da Suíça é uma punição exemplar para semear medo entre quem luta. Tentam reduzir a ação sindical a mera reclamação. Mas não vão conseguir. Hoje as 6 da Suíça entram na prisão, mas não estão sozinhas: contam com o apoio de milhares de trabalhadores e trabalhadoras que foram às ruas, que ergueram a voz, que entendem que este caso é de todas nós. Mas, acima de tudo, que entendem que fazer sindicalismo é dignidade, que praticar a solidariedade entre trabalhadores e trabalhadoras é a única justiça que podemos esperar num sistema que encarcera sindicalistas, infiltra movimentos sociais e detém grevistas às dezenas.

A CNT esteve, está e estará com cada companheira perseguida por lutar. Desde o primeiro dia, o sindicato sustentou sua defesa jurídica, deu apoio político, emocional e econômico, porque não há prisão nem sentença que nos faça abandonar nossas companheiras. Continuaremos lutando pela liberdade das 6 da Suíça, que é lutar pela liberdade sindical. E faremos isso até o fim, nos tribunais, nas ruas e na consciência deste país. E, acima de tudo, continuaremos travando a batalha em cada local de trabalho.

Porque somos mais que seis. Somos milhares. Somos todas.

LIBERDADE IMEDIATA PARA AS 6 DA SUÍÇA!

Fonte: https://www.cnt.es/noticias/libertad-inmediata-para-las-6-de-la-suiza/

CINECLUBE DA UAF-FACA EM CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM/ES!

No dia 11 de junho de 2025, às 20h, a União Anarquista Federalista (UAF) e a Federação Anarquista Capixaba (FACA) promovem mais uma edição do Cineclube Anarquista, desta vez com a exibição do filme Nós que aqui estamos por vós esperamos, no município de Cachoeiro de Itapemirim-ES.

A sessão é aberta ao público e tem como objetivo fomentar a reflexão crítica sobre o tempo, a memória e os sujeitos invisibilizados pela lógica destrutiva do capital e da história oficial. A escolha do filme não é por acaso: trata-se de um mergulho poético e político nas engrenagens que moem vidas em nome do progresso e do esquecimento.

Mais do que um simples encontro cultural, o cineclube é uma trincheira. Um espaço para o pensamento insurgente, para o diálogo entre companheiras e companheiros dispostos a romper com a normalidade imposta. Diante de um mundo que insiste em nos silenciar, ocupar a arte e o cinema com nossas perguntas é também uma forma de resistência.

Convidamos todas, todos e todes a se inscreverem pelo e-mail fedca@riseup.net e somarem-se a essa construção coletiva que afirma: existimos, lembramos e lutamos.

União Anarquista Federalista (UAF)

Federação Anarquista Capixaba (FACA)

UAF na XII Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre

A União Anarquista Federalista participou nos dias 09 e 10 de novembro de 2024 da XII Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre.

Na oportunidade, como a organização da Feira destacou “mantendo viva esta fogueira que procura expandir a agitação anarquista na cidade, fomentando o encontro entre pessoas antiautoritárias e inquietas, difundindo livros e publicações, nos encontramos no salão da Escola de Samba Acadêmicos da Orgia. Nas paredes e no exterior do salão faixas e cartazes afirmavam o amor a liberdade e a revolta permanente contra tudo que quer por as mãos sobre nós para nos dominar e devastar a Terra. Nas bancas de materiais expostos as incitações a anarquia gritavam através de livros, fanzines, revistas, cartazes, camisetas, adesivos, alimento vegano e outras produções se fazendo sentir a presença de companheiros da região e de latitudes mais distantes”.

As conversações, articulações, conspirações e vivências foram gratificantes e esperamos, enquanto organização, contribuir e construir com as camaradas presentes na Feira, a luta por um mundo livre de Estado e Capitalismo.

Viva a cultura anarquista!

Viva o anarquismo vivo!

União Anarquista Federalista- UAF

Associe-se à UAF!

A associação à União Anarquista Federalista é uma iniciativa de grande relevância para aqueles que acreditam na força da união libertária de grupos e  indivíduos em prol de causas comuns ao anarquismo. Quando nos unimos, ampliamos nossas vozes e nossa capacidade de ação, atuando de forma estratégica em diversos campos. Juntos, temos mais capacidade para defender e divulgar nossas ideias, exercendo um impacto maior na sociedade e contribuindo para as transformações que almejamos. A coletividade permite que cada esforço individual seja potencializado, promovendo uma sinergia que, isoladamente, seria inalcançável.

Organizações como a nossa desempenham um papel crucial no atual cenário histórico, político e econômico. Vivemos tempos de incertezas e profundas mudanças, em que a atuação coordenada de indivíduos e grupos com valores e objetivos claros se torna essencial para enfrentar os desafios impostos pelo capitalismo.  Ademais, por sermos associados da Internacional de Federações Anarquistas (IFA), com diversos grupos ao redor do mundo, o alcance de nossa atuação se amplia ainda mais. 

Assim, a importância de associar-se à UAF vai além da simples filiação. Trata-se de participar ativamente de um movimento, enquanto indivíduo ou grupo,  que busca construir uma sociedade mais justa, solidária e humana. Em um contexto global marcado por crises e desigualdades, a força da nossa União se torna um baluarte de resistência e transformação.

Filie-se à União Anarquista Federalista (UAF)!

Apoie o movimento anarquista!

Escreva para uaf@riseup.net e saiba mais! 

Alienação e a Decadência sob a Lente das Apostas: Um Reflexo da Sociedade Brasileira

Difundimos a análise abaixo, pertinente para o momento que vivem os trabalhadores e trabalhadoras no Brasil. 

 

A revelação de que beneficiários do Bolsa Família direcionaram bilhões de reais para casas de apostas (as famigeradas Bets) em um único mês expõe um sintoma profundo da sociedade capitalista brasileira: a alienação e a decadência. Esse dado alarmante, longe de ser um mero detalhe estatístico, revela um quadro mais amplo de uma população marginalizada, presa a um sistema que a mantém em um ciclo de precariedade, ilusão e dependência.

A aposta, enquanto prática, representa uma tentativa desesperada de escapar da realidade, uma busca ilusória por uma mudança de status social instantânea. No contexto do Bolsa Família, programa brasileiro destinado a mitigar a fome e a pobreza, essa prática revela uma profunda desconfiança no sistema e na possibilidade de uma mobilidade social real. Os beneficiários, pessoas em situação de pobreza, ao invés de utilizarem os recursos para investir em educação, saúde ou compra de alimentos básicos, veem nas apostas uma falsa promessa de enriquecimento rápido, perpetuando assim um ciclo de dependência e vulnerabilidade.

Essa realidade é um reflexo da lógica do capitalismo neoliberal, que incentiva o individualismo exacerbado, a competição desenfreada e a busca incessante por prazeres imediatos. A propaganda massiva das casas de apostas, que prometem a vida dos sonhos com um simples clique, encontra um terreno fértil em uma sociedade marcada pelas desigualdades e pela falta de perspectivas de futuro.

A alienação, nesse contexto, não é uma escolha individual, mas sim um produto de um sistema que molda as consciências e as necessidades. Os trabalhadores em situação de extrema pobreza, ao invés de ser visto como sujeitos de direitos e protagonista de suas próprias histórias, são transformados em alvo de um mercado que lucra com suas dificuldades.

É urgente, a partir de nosso espectro anarquista, que promovamos debates e reflexões sobre as causas profundas desse problema, que vão além da mera regulamentação estatal das casas de apostas. É preciso trabalharmos para reconstruir a consciência de classe entre os explorados e oprimidos, para que possam entender e, depois, combater esse ciclo vicioso de alienação, construindo uma sociedade mais justa e igualitária – que por consequência há de ser erigida sobre os escombros do Capital e do Estado.

Liberto Herrera.

Comunicado Iniciativa Federalista Anarquista – União Anarquista Federalista

Alegremente celebramos 10 anos da realização do primeiro Fórum Geral Anarquista e da fundação da Iniciativa Federalista Anarquista no Brasil. Nestes dez anos avançamos e recuamos. A vida é assim: movimento. Mudar é indissociável deste organismo vivo que é o Movimento Anarquista.

Seguimos com firmeza e alegria resolutamente na construção de um mundo livre de exploração e opressão. Um mundo em que a organização social Estado seja substituída por uma Federação Libertária e o regime econômico Capitalista pela Federação de produtores.

Neste pequeno percurso registrado acima, entendemos mais sobre nós, nosso povo, nossa sociedade, sobre o mundo no qual vivemos e a diversidade do nosso magnifico planeta e povos que o habitam. Percebemos que uma associação anarquista no Brasil necessita negar o estelionato
popular, que é o uso das opressões, explorações, das misérias impostas a nós para o benefício de projetos escusos e interesses particulares – prática generalizada dos que se intitulam salvadores do povo.

Definitivamente estamos exaustos de discursos salvadores inúteis, da dissimulação e da mentira vendidas no varejo por partidos de esquerda e direita, comportamento usual de alguns agrupamentos anarquistas adeptos do poder popular e com viés hostil a todo o movimento anarquista e social que não renda honras às suas elocubrações e objetivos.

Estamos conscientes que neste momento, em que nos dirigimos ao povo brasileiro e todos os povos do mundo, um mal há muito conhecido se reagrupa, alimentado pelos Capitalistas, um mal que segue incansavelmente buscando a tomada do poder constituído em Estado: o novo fascismo. A esta altura das nossas vidas, em que o Brasil arde em incêndios criminosos e o circo político eleitoral desvia a atenção das reais necessidades de todos nós explorados e oprimidos. Nestes dias nos quais o fascismo já se vê nas ruas e nas redes sociais, entendemos que são impostas à nossa associação anarquista e a todo movimento anarquista mais responsabilidades.

Temos o amor e a determinação para superar o medo. Com nosso trabalho e
dedicação vamos construindo nosso hoje e nosso amanhã. Neste sentido, a
Inciativa Federalista Anarquista no Brasil decidiu por se tornar uma associação de indivíduos e coletivos. Incorporou o Bem Viver como princípio fundante de nossa Federação. Acreditamos que isto abre mais espaço para diversidade étnica contida no Brasil, potencializa a nossa presença em pequenas cidades e regiões rurais, aldeias, quilombos, etc, fazendo valer ainda mais um dos princípios de nossa federação anarquista: o sintetismo. Conclamamos à organização e associação para construirmos e vivermos hoje a liberdade e a justiça social.

Dado nosso percurso, nossa atual constituição e o entendimento sobre nossa sociedade e nosso território passamos a nos autodenominar como União Anarquista Federalista. Uma união plural e diversa como nosso povo, um anarquismo pra hoje, uma federação libertária.

BEM VIVER!
ANTIAUTORITARISMO!
APOIO MÚTUO!
AUTOGESTÃO!
AÇÃO DIRETA!
FEDERALISMO!
SINTETISMO!
LIBERDADE!


União Anarquista Federalista – Brasil

A FACA INAUGURA MAIS UMA INICIATIVA: BANCA DA SOLIDARIEDADE EM FAVOR DA VIDA

Divulgamos uma feliz notícia oriunda do website da FACA (federacaocapixaba.noblogs.org):

A Federação Anarquista Capixaba, federada à União Anarquista Federalista (UAF),  juntamente com outras individualidades, apresenta o projeto Banca da Solidariedade em Favor da Vida, uma iniciativa permanente e que promete criar raízes em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Espírito Santo.

O projeto Banca da Solidariedade em Favor da Vida tem como objetivo criar um espaço comunitário voltado ao apoio mútuo, à solidariedade e à autogestão. Inspirado em princípios de horizontalidade, busca promover uma rede de ajuda entre as pessoas, onde cada indivíduo pode contribuir com o que puder e retirar o que precisar, especialmente alimentos. A ideia central é que o local funcione como uma “banca” autônoma, acessível a todos, sem intermediários ou burocracias.

Baseado na prática da economia solidária, a banca está estruturada em um ponto estratégico da comunidade, permitindo que alimentos, itens de higiene e outros bens essenciais sejam compartilhados de forma livre, voluntária e anticapitalista. Esse modelo elimina hierarquias, promovendo um sistema de troca baseado na confiança e no respeito entre os participantes.

O projeto visa, sobretudo, minimizar o impacto da insegurança alimentar, que afeta muitas famílias, especialmente em tempos de crise. Além disso, fortalece os laços comunitários, criando um senso de pertencimento e responsabilidade coletiva. A autogestão é fundamental para a sustentabilidade da iniciativa, com a própria comunidade sendo responsável pela manutenção e organização do espaço.

A Banca da Solidariedade representa uma forma concreta de resistir às lógicas excludentes do mercado e do individualismo, incentivando uma cultura de generosidade e cuidado com o outro.

Convidamos todas as individualidades, não apenas do Espírito Santo, mas de todo o território dominado pelo estado brasileiro, para espalharmos esta iniciativa!

Aproveitamos ainda para convidar você: FILIE-SE À FACA!

Federação Anarquista Capixaba